terça-feira, 9 de abril de 2013

Intercâmbio depois do casamento. Eu fiz!


Tentar entender 100% da frase de um atendente da Starbucks, me perder no metrô, engasgar com a comida apimentada, pisar na faixa de pedestre e ver o carro parar pra eu passar, e também, é claro, conhecer outra cultura e melhorar meu inglês.
Tudo isso era o mínimo que eu queria viver ao fazer um intercâmbio cultural.
E foram anos até tomar a decisão.

Queria ter feito High School lá, MAS era imatura demais pra isso.
Depois da faculdade seria o momento ideal, MAS resolvi fazer pós-graduação.
Linda e pós graduada, hora de ir, MAS tudo estava indo bem demais no trabalho para largar tudo aqui.
Aí eu casei. Ganhei casa, marido, cachorro, mais responsabilidades e muita felicidade.
Não tinha o menor cabimento eu deixar minha família por alguns meses para realizar um sonho ali, do outro lado do oceano, mas, MESMO ASSIM, eu embarquei pouco tempo depois.

O apoio do meu marido foi a força que na verdade eu nunca tive para seguir adiante com essa doce loucura.
Foi com essa força que eu me organizei financeiramente (e psicologicamente tb), visitei algumas agências de intercâmbio, li blogs com este tema, ouvi dicas de amigos que já tinham ido e, finalmente, pedi demissão.

Cidade e escola escolhidas, passaporte e visto OK, passagens emitidas. Tudo pronto, menos eu.
Dias antes do embarque eu me achava a mais sem noção das pessoas desse mundo de meu Deus. Olhava cada canto da minha casa com um nível de detalhes exagerado, como se quisesse registrar tudo na memória para resgatar quando a saudade doesse mais forte.
Apertava muito o Luigi (o dog), talvez numa tentativa inconsciente de esconde-lo dentro de mim.
Toda vez que beijava meu marido, tinha certeza de que não sobreviveria a três meses sem aquele toque, o cheiro e os passeios de mãos dadas. Sim, tudo tinha toda essa dramaticidade (sou mulher E canceriana, beijo).

Porém, quando me vi ainda com vida (drama queen), mesmo depois de falar até logo para o amor da minha vida, ah...aí baixou uma coisa de heroína dentro de mim (a mulher do herói, tá), e me senti a mais segura e corajosa das criaturas.

E a criatura aqui arrasou em Toronto, no Canadá.
Conheci gente de todos os cantos do mundo, decorei o script da atendente da Starbucks, me perdi muito no metrô, comecei a gostar de pimenta (depois de engasgar), engordei, estudei, desfilei nas faixas de pedestre, comemorei 29 anos ao lado dos meus amiguinhos de 19 (e eu parecia um deles) e vi meu inglês melhorar mais a cada dia.

Não tinha mais como desistir!

Hi, CN Tower.


Fiz tudo isso ao mesmo tempo em que namorava meu marido via Skype.
Sempre caprichava no visual pra ele me achar bonita na tela e chorava muito quando ele me mostrava a nossa casa e o nosso filhote.
Mesmo de longe, ele participou de tudo o que eu vivi lá e sempre fez questão de me incluir na rotina dele aqui.
Depois de 83 dias fisicamente separados, finalmente chegou o momento de ir buscá-lo no aeroporto. Sim, ele foi para o Canadá assim que acabou meu curso e passeamos 10 dias por lá.
Nossa segunda lua de mel.

Não me canso de admirar.

Niver Hubby! Mesmo longe me fiz presente! Bolo personalizado pra ele!

Last day of school!

Matando a saudade do Pelôncio.


Hoje eu tenho o entendimento de que meu sonho foi realizado no momento certo e que a missão desta experiência era muito mais do que apenas me apresentar uma nova cultura e aprimorar meu conhecimento em outro idioma.
Fazer um intercâmbio cultural depois de já estar casada confirmou aquilo que eu sempre acreditei: Casamento nada tem a ver com limitação. Casamento é a liberdade de escolher estar junto. É apoiar e viver o sonho do outro.

Na casa dos 20, 30, 50 anos. Casada, solteira. A única coisa que pode nos impedir de realizar algo somos nós mesmas.
So, make it happen, girls!







quinta-feira, 28 de março de 2013

2013 - 1983 = 30


Era segunda-feira, madrugada, o frio e a garoa não deixavam esquecer que o mês era Julho.
Nasci canceriana, teoricamente calma, bem no meio da agitação da região da Av Paulista. Mais paulistana impossível.

A menina tão esperada de uma família já com dois meninos.
Finalmente minha mãe brincaria de boneca.
Entre laços e fitas, ela já ensaiava como iria chorar nas minhas apresentações de Ballet. Pena só ter me apresentado uma única vez, era gordinha e sensata demais para querer entrar no Teatro Municipal.



O ano era 1983, o mesmo em que a Xuxa começou a fazer sucesso na TV.
Meu pai apelidou sua bebezinha recém chegada de Xuxa, pq tinha convicção da semelhança que existia entre nós. Sim, sou morena, com cabelos e olhos ''preto-carvão''.
Acho que foi aí que me apaixonei por essa figura que chamo de Pai. Dentre outras coisas, amo o jeito fantasioso com que ele enxerga a vida.

Cresci em meio a transformações sociais, econômicas e políticas de grande importância para história do país. Uma época em que fumar era chique (as ombreiras mais ainda) e criança feliz era a que brincava na rua, de queimada, elástico e pogobol.
Cantei e dancei ''Vou de táxi'', assisti Trapalhões no cinema, sonhei ser Paquita e chorei pelos Backstreet Boys, (sim, SHAME ON ME).





Entre um capítulo e outro de Mulheres de Areia, Quatro por Quatro e as temporadas de Barrados no Baile e Malhação, o tempo voou e quando vi já estava ali dançando na matinê do Resumo da Ópera.
Uma noite eu dormi no colegial e no dia seguinte já acordei me formando na faculdade, depois de sobreviver ao TCC.

Minha foto séria e pálida da carteira de trabalho parecia prever a quantidade de calorias nos sapos gordos e salgados que tive que engolir durante minha trajetória no mundo corporativo. Felizmente o menu não tinha só sapos, mas também oportunidades de aprendizado, crescimento e, principalmente, lindas amizades.

Tive paixonites, espinhas, complexos. Tive uma mecha loira horrorosa no cabelo e me achava o máximo. Tive agenda-diário e escrevia nele com Alanis Morissette no volume máximo.
Fui filha pouco rebelde, irmã chata e cunhada insuportável.

Quando falei que o foco era a minha carreira, me apaixonei dias depois.
Namorei pouco, casei logo.
Aliás, sou ''feliz e orgulhosamente'' casada!
Meu casamento é a parte da vida que eu mais gosto. Digo parte pq acho que a vida tem que ser vivida e curtida em partes. Não dá pra uma parte dela ser o todo. Seria pesado e sem graça.
Vida boa é aquela com saúde, amor, família, trabalho, amigos, descobertas. Individualidade.
Agora eis que me encontro aqui, individualmente quase balzaca.

Me preparei para viver a ''crise dos 30'', mas não me preparei para querer ter 30 anos mais do que quis ter 15.
Como lidar com a delícia de me sentir mais segura, linda e equilibrada?
Como lidar com a lei da gravidade, gravidez, filhos, rugas, vida profissional, enfim, tudo o que pode comprometer a tal da delícia de me sentir mais segura, linda e equilibrada?
Não sei.
Enquanto tento descobrir, vou vivendo, escrevendo e descrevendo cada etapa desta maratona dentro da Academia dos 30.