quinta-feira, 28 de março de 2013

2013 - 1983 = 30


Era segunda-feira, madrugada, o frio e a garoa não deixavam esquecer que o mês era Julho.
Nasci canceriana, teoricamente calma, bem no meio da agitação da região da Av Paulista. Mais paulistana impossível.

A menina tão esperada de uma família já com dois meninos.
Finalmente minha mãe brincaria de boneca.
Entre laços e fitas, ela já ensaiava como iria chorar nas minhas apresentações de Ballet. Pena só ter me apresentado uma única vez, era gordinha e sensata demais para querer entrar no Teatro Municipal.



O ano era 1983, o mesmo em que a Xuxa começou a fazer sucesso na TV.
Meu pai apelidou sua bebezinha recém chegada de Xuxa, pq tinha convicção da semelhança que existia entre nós. Sim, sou morena, com cabelos e olhos ''preto-carvão''.
Acho que foi aí que me apaixonei por essa figura que chamo de Pai. Dentre outras coisas, amo o jeito fantasioso com que ele enxerga a vida.

Cresci em meio a transformações sociais, econômicas e políticas de grande importância para história do país. Uma época em que fumar era chique (as ombreiras mais ainda) e criança feliz era a que brincava na rua, de queimada, elástico e pogobol.
Cantei e dancei ''Vou de táxi'', assisti Trapalhões no cinema, sonhei ser Paquita e chorei pelos Backstreet Boys, (sim, SHAME ON ME).





Entre um capítulo e outro de Mulheres de Areia, Quatro por Quatro e as temporadas de Barrados no Baile e Malhação, o tempo voou e quando vi já estava ali dançando na matinê do Resumo da Ópera.
Uma noite eu dormi no colegial e no dia seguinte já acordei me formando na faculdade, depois de sobreviver ao TCC.

Minha foto séria e pálida da carteira de trabalho parecia prever a quantidade de calorias nos sapos gordos e salgados que tive que engolir durante minha trajetória no mundo corporativo. Felizmente o menu não tinha só sapos, mas também oportunidades de aprendizado, crescimento e, principalmente, lindas amizades.

Tive paixonites, espinhas, complexos. Tive uma mecha loira horrorosa no cabelo e me achava o máximo. Tive agenda-diário e escrevia nele com Alanis Morissette no volume máximo.
Fui filha pouco rebelde, irmã chata e cunhada insuportável.

Quando falei que o foco era a minha carreira, me apaixonei dias depois.
Namorei pouco, casei logo.
Aliás, sou ''feliz e orgulhosamente'' casada!
Meu casamento é a parte da vida que eu mais gosto. Digo parte pq acho que a vida tem que ser vivida e curtida em partes. Não dá pra uma parte dela ser o todo. Seria pesado e sem graça.
Vida boa é aquela com saúde, amor, família, trabalho, amigos, descobertas. Individualidade.
Agora eis que me encontro aqui, individualmente quase balzaca.

Me preparei para viver a ''crise dos 30'', mas não me preparei para querer ter 30 anos mais do que quis ter 15.
Como lidar com a delícia de me sentir mais segura, linda e equilibrada?
Como lidar com a lei da gravidade, gravidez, filhos, rugas, vida profissional, enfim, tudo o que pode comprometer a tal da delícia de me sentir mais segura, linda e equilibrada?
Não sei.
Enquanto tento descobrir, vou vivendo, escrevendo e descrevendo cada etapa desta maratona dentro da Academia dos 30.